Da fratura à corrida: uma jornada de superação

O dia em que parei

22 de junho de 2025. Um tropeço, uma dor aguda, um diagnóstico: fratura no quinto metatarso do pé direito. Um osso pequeno, mas que me tirou da corrida, literalmente.

Naquele momento, tudo parou. Os treinos, os planos, os objetivos. A rotina que me mantinha em movimento virou repouso obrigatório. E a pergunta que ecoava era: “Quanto tempo até voltar?”

Mas logo percebi que essa não era a pergunta certa. A verdadeira questão era: “Como vou voltar?”

Julho foi o mês mais parado do meu ano. A bota ortopédica virou minha companheira até 4 de agosto. Frustrante? Muito. Mas também foi um convite à paciência. Um lembrete de que respeitar o tempo do corpo é o primeiro passo para qualquer recuperação.

Essa pausa forçada me ensinou que parar não é o fim — é o início de uma nova jornada. E que, às vezes, o corpo precisa de silêncio para se preparar para o próximo sprint.

 

A pausa necessária

Julho foi diferente de tudo que eu estava acostumado. Nada de treinos, nada de endorfina, nada de metas batidas. Só a bota ortopédica, até 4 de agosto, e a sensação de estar parado enquanto o mundo seguia correndo.

Foi frustrante. Mas também foi transformador.

A pausa me obrigou a olhar para o corpo com mais escuta e menos cobrança. A entender que recuperação não é regressão, é reconstrução. E que parar não é perder tempo, é investir nele.

Nesse período, aprendi a respeitar o ritmo interno. A valorizar o descanso como parte do processo. E a perceber que, às vezes, o maior avanço é saber esperar.

Essa pausa foi necessária. Foi o silêncio antes do próximo passo. E quando ele chegou, veio com força, foco e fé.

 

Pilates, fisioterapia e esperança

Depois de semanas parado, o dia 13 de agosto marcou o início da virada. Comecei a fisioterapia com Pilates — e com ela, uma nova relação com meu corpo.

Foram 10 sessões até 3 de setembro. Cada uma com foco em fortalecer, recuperar mobilidade e reeducar os movimentos. Não era só sobre o pé. Era sobre reencontrar equilíbrio, postura, confiança.

Aos poucos, voltei a trotar. E com cada passo, voltava também a acreditar.

A fisioterapia não foi apenas técnica — foi emocional. Foi o espaço onde deixei a frustração e abracei a paciência. Onde entendi que recomeçar exige coragem, mas também cuidado.

Essa fase me mostrou que o corpo responde quando é respeitado. E que a esperança pode nascer no meio de um alongamento bem feito.

 

Fortalecer para não parar

A fisioterapia terminou, mas o compromisso com o corpo continuou. Mantive o fortalecimento duas vezes por semana — e essa escolha fez toda a diferença.

O que começou como prevenção virou evolução. A cada treino, sentia mais estabilidade, mais potência, mais leveza. E o mais surpreendente: comecei a correr melhor do que antes da lesão.

Mais rápido. Mais consciente. Mais seguro.

O fortalecimento virou parte da minha rotina, não como obrigação, mas como estratégia. Porque correr bem não é só sobre resistência — é sobre estrutura. E cuidar da base é o que sustenta a performance.

Essa fase me ensinou que o pós-lesão não precisa ser apenas recuperação. Pode ser superação.

 

A corrida que vale mais que o tempo

12 de outubro. Minha primeira corrida pós-lesão. 5 km de superação, de reencontro, de celebração.

Meu recorde pessoal é 35:56. Mas, dessa vez, o tempo não é o protagonista. O que importa é estar ali — na largada, no percurso, na chegada.

Cada quilômetro será um lembrete: De que o corpo se recupera. De que a mente resiste. De que a jornada vale mais que a linha de chegada.

Essa corrida não é sobre performance. É sobre presença. Sobre honrar cada passo que me trouxe até aqui.

E se cruzar a linha de chegada com um sorriso no rosto, já será meu melhor tempo.

 

Lições da pista (e da pausa)

A corrida passou. O tempo? Importante, mas não essencial. O que ficou mesmo foram as lições — aquelas que não se medem em minutos, mas em maturidade.

Essa jornada me ensinou que:

  • Lesões podem ser recomeços. Às vezes, o corpo para para que a mente possa se reorganizar.
  • Fortalecer é tão importante quanto correr. A base sustenta o movimento. E sem ela, não há progresso duradouro.
  • Paciência também é treino. Esperar, respeitar, confiar — tudo isso exige disciplina.
  • O corpo responde quando é respeitado. E quando você cuida dele, ele te leva mais longe do que você imaginava.

Cada passo dessa recuperação foi um lembrete de que o caminho importa tanto quanto a chegada. E que, sim — às vezes, o retorno é mais forte que a largada.

Fratura do quinto metatarso

Daniela Vaz Fisio e Pilates

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